Resenha - O bebê de Rosemary


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Livro: O bebê de Rosemary

Autor: Ira Levin

Editora: Amarilys

Páginas: 224

Gênero: Terror

Sinopse: “Rosemary Woodhouse e seu marido Guy, um ator que luta para se firmar na carreira, mudam-se para um dos endereços mais disputados de Nova York, o Bramford, um edifício antigo de ares vitorianos, habitado em sua maioria por moradores idosos e célebre por uma reputação algo macabra de incidentes misteriosos ao longo da história. 
Sem demora, os novos vizinhos, Roman e Minnie Castevet, vêm dar boas-vindas aos Woodhouse. Apesar das reservas de Rosemary com relação a seus hábitos excêntricos e aos barulhos estranhos que ouve à noite, o casal idoso logo passa a ser uma presença constante em suas vidas, especialmente na de Guy. Tudo parece ir de vento em popa. Guy consegue um ótimo papel na Broadway, e novas oportunidades não param de surgir para ele. Rosemary engravida, e os Castevets passam a tratá-la com atenção especial. Mas, à medida que a gestação evolui e parece deixá-la mais frágil, Rosemary começa a suspeitar que as coisas não são o que parecem ser...”

A resenha de hoje é sobre um livro incrível, cuja leitura me deixou com dor nos ombros de tanta tensão que senti.

O bebê de Rosemary é amplamente conhecido pelo filme, dirigido por Roman Polanski no final da década de 60, que se consagrou como um dos maiores clássicos do terror. No entanto, o que muita gente não sabe – inclusive eu, que só descobri isso há cerca de dois anos – que essa grande obra foi baseada no livro escrito por Ira Levin.

O enredo gira em torno de Guy e Rosemary Woodhouse, que se casaram há pouco tempo e estão em busca de um novo local para morar. Eles assinam o contrato relativo a um imóvel recém-construído, bem amplo e moderno. Poucos dias depois, recebem a notícia de que chegou a sua vez na longa lista de espera para um apartamento no prédio Bramford. Quando fazem a visita apenas por curiosidade, se deparam com um edifício de instalações precárias, de carpete puído e pintura encardida, além de um apartamento que não impressiona. Mas, esperaram por mais de um ano nessa fila e, afinal, é o Bramford. Então, eles cancelam o contrato do outro imóvel para adotar a nova moradia vitoriana e decadente.

Após algum tempo depois de se mudarem, eles conhecem o casal Castevet. São dois idosos que adotaram uma jovem que se encontrava na sarjeta. Rosemary faz amizade com essa jovem em suas idas à lavanderia do prédio, que fica no porão. Acontece que, em um curto período de dias, a dita jovem se suicida, pulando do Bramford. Diante dessa situação, os Woodhouse simpatizam com os Castevet, e dão início a um relacionamento de visitas recíprocas. Rosemary fica um pouco receosa no princípio, mas Guy logo estreita os laços.

Ato contínuo, a carreira de Guy dá uma guinada meteórica. O ator para quem ele perdeu um grande papel principal, acorda cego sem qualquer justificativa e Guy acaba ganhando esse papel. Em paralelo, diversas outras oportunidades profissionais vão surgindo para ele e o seu sucesso desponta da noite para o dia.

Nesse clima de comemoração da nova fase, Rosemary decide fazer um jantar romântico para o marido. Sabendo disso, Minnie Castevet envia uma sobremesa ao casal. O sabor do doce é detestável, mas Guy insiste que ela coma tudo em consideração à atenção da vizinha. Rosemary começa a se sentir dopada e adormece no quarto. No entanto, esse não foi um sono tranquilo - muito pelo contrário. Ela fica naquele estado de semiconsciência e tem a noção real de que o marido força uma relação sexual brutal. Ao acordar, ela percebe diversas marcas em seu corpo e, ao perguntar ao marido o que aconteceu durante a noite, ele apenas responde que foi um pouco mais voraz. Ela fica indignada com a atitude invasiva dele, mas a briga não resulta em maiores conflitos, pois logo descobrem que Rosemary está grávida.

Quando o casal Castevetsabe da notícia, passa a frequentar a casa dos Woodhouse diariamente. Minnie impõe à Rosemary que se trate com um médico ancião de confiança e impõe a ela uma dieta com um suco de gosto terrível. Ao longo da gravidez, Rosemary começa a perder muito peso, fica com aparência cadavérica, sem viço, além de sentir dores e enjoos muito fortes. Ela pressente que tem algo errado com o bebê, mas todas as vezes em que menciona isso ao tal do médico, ele diz ser inteiramente normal. Sabendo desse receio, Minnie dá a ela um amuleto de prata pendurado em um cordão. Explica que, na verdade, se trata de um pequeno frasco com uma erva. Rosemary sente o cheiro de podre que vem do presente, mas o usa diariamente em consideração.

Com a ausência de melhora, ela decide, então, encontrar um grande amigo de longa data. Nesse almoço, ele a adverte sobre as lendas que rondam o prédio. E, ao analisar os acontecimentos por ela relatados, pede que ela seja cautelosa. Rosemary, claro, fica remoendo o assunto e tenta conversar com o marido, mas ele rejeita todas as suas preocupações e ela se sente completamente desamparada.

As evidências bastante sutis, no passar dos dias, deixam o leitor cismado: as atitudes dos personagens são suspeitas ou apenas fruto de benevolência para com os novos moradores? A repentina amizade com os idosos daquele prédio é natural ou por interesse? A ascensão profissional meteórica de Guy é coincidência ou foi causada por fatores externos, além de seu empenho? Quem está envolvido nessa conspiração (se é que ela existe)?

Fato é que a construção do enredo é tão fluida/ natural, que a tensão está justamente na dúvida. O medo não é revelado em grandes sustos, mas sim nessa expectativa que se mantém desde o início, culminando em um final maravilhoso.

Se O Exorcista estava no topo da lista dos livros que mais me assustaram, O bebê de Rosemary acaba de empatar com ele.

Embarquem também nessa aura de medo e podem apostar no filme do Polanski, porque ele é extremamente fiel ao livro!

Beijos,

Clara

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