Resenha - O casal que mora ao lado


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Livro: O casal que mora ao lado

Autora: Shari Lapena

Editora: Record

Páginas: 294

Gênero: Romance estrangeiro (thriller)


Sinopse:“É o aniversário de Graham, e sua esposa, Cynthia, convida os vizinhos, Anne e Marco Conti, para um jantar. Marco acha que isso será bom para a esposa; afinal, ela quase nunca sai de casa desde o nascimento de Cora e da depressão pós-parto. Porém, Cynthia pediu que não levassem a filha. Ela simplesmente não suporta crianças chorando.Marco garante que a bebê vai ficar bem dormindo em seu berço. Afinal, eles moram na casa ao lado. Podem levar a babá eletrônica e se revezar para dar uma olhada na filha. Tudo vai dar certo. Porém, ao voltarem para a casa, a porta da frente está aberta; Cora desapareceu. Logo o rapto da filha faz Anne e Marco se envolverem em uma teia de mentiras, que traz à tona segredos aterradores.”

Hoje, vamos falar sobre um dos lançamentos recentes do selo Record.

Algo que vem alegrando o coração dos amantes de thrillers é o fato de que, no final do ano de 2016 e no decorrer do ano presente, as editoras vêm, cada vez mais, se dedicando a buscar lançamentos desse gênero. Algumas delas ainda estão engatinhando, o que se torna bastante evidente no quesito, por exemplo, das capas. Há muitos lançamentos que não são chamam a atenção dos fãs desse nicho, pois as editoras teimam em confeccionar os novos thrillers com capas que serviriam melhor aos romances ou à linha do YA. De todo modo, o importante é que, finalmente, o gênero vem ganhando força.

O Grupo Editorial Record tem larga experiência em lançamentos dessa natureza, especialmente pelo selo Bertrand Brasil. Esse braço da editora possui diversos títulos de autores europeus – que, geralmente, são best-sellers nos seus países de origem. As tramas são sempre intricadas, bem construídas, com personagens de diversas camadas e os finais não costumam deixar pontas soltas. Belo exemplo disso é a Val McDermid - calhamaços maravilhosamente dedicados ao thriller da melhor qualidade.

Por todo esse renome, me causou estranheza o lançamento em questão ter saído pelo selo Record e não pelo Bertrand Brasil. No entanto, após concluir a leitura, eu entendi exatamente as razões pelas quais o Grupo resolveu publicar dessa forma.

Os personagens principais da trama são o casal Marco e Anne. Como relatado na sinopse, o suspense gira em torno do desaparecimento de sua filha, Cora, que ocorre durante uma festinha dada pelo casal vizinho (Graham e Cynthia).

Num primeiro momento, o leitor pode ficar indignado pela postura do casal principal de ter deixado a filha recém-nascida sozinha em casa. Eles levam a babá eletrônica e se revezam para olhar a filha. Acontece que eles acabam bebendo e a Anne, além de estar em depressão pós-parto, se incomoda durante toda a festa com a postura lasciva de Cynthia, que dá em cima de Marco, marido dela. Nessa situação, há um atraso no horário de visita à filha e, quando eles retornam à casa, a porta da frente está entreaberta e a filha sumiu.

A polícia é acionada, mas é claro que a história se complica justamente pelo estado embriagado em que se encontra o casal. A mídia cai em cima deles e o desespero aumenta pelo fato de que não foi deixado nenhum rastro pelo sequestrador. Não se sabe se o rapto realmente foi realizado pela porta da frente ou pelos fundos, já que a lâmpada sensorial da parte de trás da casa estava propositalmente desatarraxada.

A pressão aumenta em razão dos pais da Anne. Ela vem de uma família rica, mas abriu mão de certo conforto para se casar com Marco. A família não concorda com a decisão que ela tomou há alguns anos e se aproveita do estado emotivo da filha para tentar fazê-la ver que a união entre eles nunca deveria ter acontecido. Diante disso, Anne e Marco brigam constantemente, principalmente por ela – em seu ápice da depressão – culpar Marco por ter insistido que fossem à referida festa.

O desenvolvimento da história prende a leitura. Conforme a autora vai mostrando a personalidade de cada um dos personagens, os suspeitos parecem muitos: será que foi algum vizinho? Ou o próprio casal da festa, Cynthia e Graham? A própria Anne? Será que a filha realmente está viva? Algum deles a matou sem querer? Foi algum estranho? Os pais de Anne fizeram isso para trazer a filha de volta?

Apesar de essas dúvidas surgirem, na segunda metade da trama o livro já se torna um pouco previsível e o final não me surpreendeu. Isso não quer dizer que o livro seja ruim. Na verdade, ele não é. Acontece que a autora levanta reviravoltas que já se tornaram um pouco clichês para quem está acostumado a ler thrillers e exatamente na última página ela utiliza um artifício dos típicos filmes de suspense que pretendem chocar o espectador.

Mesmo com esses pontos negativos, gostaria de deixar bastante claro que eles só se tornam negativos se esse for o seu gênero favorito. Foi por conta dessas questões que eu entendi a razão de ele ter sido publicado pelo selo Record e não pelo da Bertrand Brasil. O livro é muito bom para atrair leitores que sejam fãs de outros tipos de literatura e que, por isso, não se sintam confortáveis com thrillers. Talvez ele não cative o público que segue todos os lançamentos da Bertrand Brasil, mas com certeza é um ótimo pontapé inicial para fisgar os demais leitores.

Então, se você aí ainda não entrou para esse mundo maravilhoso dos thrillers, pode apostar em O casal que mora ao lado!

Beijos,

Clara

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